“Objetivo é fortalecer a marca OCP”

Por: Daiana Constantino
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“Eu não acredito que as pessoas devam mudar quando estão no fracasso. Eu acredito que as pessoas devam mudar quando estão no momento em que elas se consideram no auge.” Foi com esse ímpeto arrojado que o atual presidente e proprietário da Rede OCP News, o empresário Walter Janssen Neto, 62 anos, decidiu pela compra do jornal O Correio do Povo, em 2007.

Pouco mais de uma década depois, o negócio expandiu para um grupo de comunicação que agrega, além do diário, os veículos portal OCP News, Por Acaso, Aconteceu em Jaraguá, além da difusão da marca para as cidades de Joinville, Blumenau e Florianópolis.

“Eu estava no aeroporto de Atlanta e na sala de espera de embarque, vi numa mesa o The Atlanta-Journal Constitution e olhei para aquilo e pensei ‘Por que não?’. E foi naquele momento que me deu vontade de me envolver com a área de comunicação. Cheguei no Brasil, em Jaraguá, e procurei os ex-proprietários do OCP. Negociamos e adquiri o jornal”, resgata o empresário, demonstrando orgulho e carinho pela decisão.

Ouça no podcast OCP: Walter Janssen Neto fala sobre crescimento da empresa

 

Prestes a completar 100 anos, O Correio do Povo se enche de satisfação, especialmente, por ser o diário mais antigo em circulação em Santa Catarina. Para mostrar o valor do impresso para a sociedade, Janssen tem provocado a integração do jornal com a comunidade. O OCP promove visitas à sede nova, recebendo assinantes e estudantes com a finalidade de explicar como funciona a produção de um jornal.

Visionário, Janssen revela o desejo de desenvolver e fortalecer ainda mais o negócio da comunicação, levando a marca para Chapecó, Lages, Criciúma, entre outras cidades. Mas, também lança o olhar em direção a uma evolução para Web Rádio e Web TV. “Visualizo um pacote de oferta de plataforma completa sendo distribuída para o Estado inteiro, para todos os licenciados.

O objetivo é fortalecer a marca OCP, assim como fazem outras grandes marcas existentes no mercado”, afirma. Confira a entrevista completa com o empresário.

Entrevista com Walter Janssen Neto, presidente e proprietário da Rede OCP News

Em que momento o senhor decidiu comprar o OCP?

Eu não acredito que as pessoas devam mudar quando estão no fracasso. Eu acredito que as pessoas devam mudar quando estão no momento em que elas se consideram no auge. E em determinado momento da minha vida eu decidi, quando estava muito bem como executivo, sair e procurar outros desafios. Feito isso, me especializei em governança corporativa nos EUA.

Hoje sou conselheiro de algumas empresas e, em julho de 2007, eu estava no aeroporto de Atlanta e na sala de espera de embarque, vi numa mesa o The Atlanta-Journal Constitution e olhei para aquilo e pensei ‘Por que não?’ E foi naquele momento que me deu vontade de me envolver com a área de comunicação. Cheguei no Brasil (Jaraguá do Sul) e procurei os ex-proprietários do OCP.

Nós negociamos e adquiri o jornal. E por que? Está na nossa missão que queremos contribuir com o desenvolvimento social, político e econômico da nossa região. Foi uma boa forma para dar continuidade a uma nova fase da minha vida.

Mudar de endereço e modernizar a sede do jornal estão entre algumas das mudanças que o senhor implementou…

Mudamos de sede há um ano. É uma estrutura bem moderna comparada a outras redações modernas do Brasil. É um ambiente propício para se fazer um bom jornalismo.

O senhor é dono de um jornal centenário. O que pode antecipar das comemorações que serão oferecidas nessa data especial? O livro sobre os 100 anos do OCP é um dos presentes para os leitores?

Decidimos fazer o livro para ficar registrado porque a história de Jaraguá está contada no OCP e nós queremos ter a felicidade de produzir uma obra que contemple esse trajeto dos 100 anos. Realmente é um presente aos nossos assinantes e para toda a sociedade.

Creio que seja uma obra de muito valor histórico e creio que será muito pesquisada. Afinal, 100 anos não é pouco tempo. Acredito que, para as escolas, o livro será fundamental para se conhecer a história do município.

O senhor transformou o jornal O Correio do Povo em uma rede de notícias. Fale sobre essa estratégia e o modelo de negócio de levar a marca “OCP News” para fora do Vale do Itapocu…

A nossa estratégia é obter a liderança em regiões de Santa Catarina. Para isso, nós temos o OCP Jaraguá, Joinville, Florianópolis e mais recentemente o Vale Europeu. O Vale Europeu é o primeiro modelo de licença que segue a coerência da linha editorial do OCP (matriz/Jaraguá).

É um modelo de licença que nós mesmos criamos. O licenciado cria digitalmente, produz matérias locais, no caso do Vale Europeu que abrange Blumenau e região.

Nós fornecemos conteúdo estadual quando é de interesse de Blumenau. E ele tem responsabilidade de fazer conteúdo regional. Nós somos uma Rede conectada com esses veículos.

O plano é expandir?

Agora vamos licenciar Chapecó, Lages, Criciúma, Florianópolis, Joinville (esses dois últimos atuam com estrutura de equipe do OCP/matriz no momento). Nós começamos a sair de Jaraguá, percebemos que o melhor modelo seria licenciar para evitar de ter de bancar uma estrutura.

Nós lideramos Jaraguá, o Vale do Itapocu. Se alguém que é de Joinville mesmo, pode ser mais fácil e rápido conquistar audiência. As pessoas que conhecem Blumenau, por exemplo, sabem quem pode comprar essa audiência.

Seguindo esse raciocínio, qual é o sonho?

É só viver de paywall (modelo de cobrança por acesso digital aos conteúdos) e vamos introduzir, selecionando notícias abertas e outras chaveadas, como faz a Folha de SP, The New York Times.

Para isso, é preciso ter conteúdo bom, qualidade jornalística. Hoje o leitor paga por conteúdo de qualidade. Existe uma cultura de gratuidade no digital, para fugir disso é preciso oferecer qualidade.

Qual é o futuro?

Digital, áudio, vídeo. Todas essas opções. Não posso dizer em que momento. Daqui a pouco, evoluímos para uma Web Rádio, Web TV… Visualizo um pacote de oferta de plataforma completa sendo distribuída para o Estado inteiro, para todos os licenciados.

Temos uma empresa BW2 que cria sites e portais, por exemplo, ela desenvolveu o portal do Vale Europeu, com layout e identidade igual do OCP News matriz. O objetivo é fortalecer a marca OCP, assim como fazem outras grandes marcas existentes no mercado.

Mas essa reinvenção não é fácil…

Não é fácil porque são profissionais diferentes que fazem o digital. São mundos diferentes. Nosso negócio de mídia tem por base audiência. Se você consegue vender e alguém que te escuta, alguém vai comprar essa audiência.

O OCP impresso é o único que tem audiência em Jaraguá, mas conseguimos ter ainda maior audiência no digital, redes sociais, WhatsApp e atrás vem a mídia de publicidade. Ninguém faz publicidade se não tem audiência.

Nesse negócio, qual é a vantagem da mídia digital?

A vantagem da mídia digital é que você pode medir e mostrar o quanto o cliente está sendo acessado. Nada vai morrer. O rádio era para matar o jornal, depois a TV matar o rádio, a internet a TV… Mas, todos os meios se adequaram. É uma plataforma que vai se moldando ao seu tamanho. O jornal impresso vai ser quase que uma joia.

Claro que o jovem não tem essa ligação com o impresso, mas um percentual vai acompanhar por muitos anos. Mas lá no futuro, bem no futuro, talvez por causa de questões de sustentabilidade, o impresso desapareça e o formato e a forma de chegar a informação mude. Mas a informação não vai parar de fluir, de ser produzida e lida. Esse alguém que lê é audiência e sempre vai ter alguém atrás dessa audiência e então você monetiza.

O jornal O Correio do Povo tem conexão com poder público e está em sintonia com as entidades de classe na cidade… Acho que o jornal tem de contribuir com o desenvolvimento social, político e econômico e isso implica estar presente nas entidades, como Acijs, Apevi, associações filantrópicas, ajudando de todas as formas.

Na área pública, o jornal deve ser crítico, o que está correto tem de ser positivado e o que está errado denunciado para que os agentes políticos possam dar respostas que a população precisa. Nós somos os representantes da população e precisamos dar nossa opinião. Há jornais que só noticiam, outros que noticiam e dão opinião.

Por: Daiana Constantino