OCP foi escola e família

Por: Daiana Constantino
Compartilhar

Em 100 anos, muitos profi ssionais passaram pelo “O Correio do Povo”. Entre eles, Peterson Izidoro e Celso Machado. Os caminhos desses dois profi ssionais talentosos se cruzaram dentro da redação do OCP, na década de 1990. Izidoro era calouro. Machado, veterano. O OCP foi escola para ambos, que aprenderam muito um com o outro nessa trincheira do jornalismo e da informação.

Izidoro, atual correspondente internacional da RedeTV, tem memória fresca de como deu os primeiros passos na carreira. Ele conta que foi, o então, editor-chefe do OCP, Celso Machado, que o contratou para escrever para as editorias de Esportes e Segurança, em 1994, na antiga sede do OCP na Avenida Marechal Deodoro da Fonseca. “Foram dois anos e meio de aprendizado. Ali, tive a oportunidade de trabalhar com pessoas que se doavam de corpo e alma para o OCP.

O jornal era tido como um fi lho. A cada edição impressa, olhávamos e não tinha como não se emocionar diante do esforço empregado, madrugadas trabalhadas”, lembra o jornalista. Nesta época, além da reportagem de rua, ele também escrevia coluna esportiva.

“OCP foi para mim muito além de uma escola, foi uma família. Literalmente. Colegas de jornal viraram amigos, todos morávamos numa casa que pertencia a família do fundador. Éramos cinco neste local, que também funcionava a gráfi ca em impressora plana.” O jornalista Celso Machado teve um papel fundamental no começo da carreira de Izidoro.

“Não poderia deixar de citar o jornalista que me mostrou e moldou os primeiros passos, que brigou, que apontou erros e acertos, Celso Machado. Tenho uma gratidão por ele. E outros que dividiram o conhecimento comigo, como o revisor Arialves Laus, o diagramador Jaime de Borda e Adriano Trentini. César Junkes foi outro bom amigo da época do OCP.”

Depois de dois anos e meio, Izidoro foi contrato pelo Jornal de Santa Catarina para atuar na sucursal de Jaraguá do Sul, do então Grupo RBS, onde fi cou por três anos. “Em janeiro de 1999, após um período trabalhando na sede do Santa em Blumenau, regressei a Jaraguá do Sul e novamente atuei no OCP. Por um ano, com a mesma disposição.”

Em seguida, Izidoro seguiu novos rumos e foi para o jornal A Notícia – o extinto ANJaraguá. “Quatro anos ali e em seguida, veio a grande mudança na carreira. Do jornal impresso para a televisão. Em 2004, a RBS TV tornou-se minha casa. Ali, além de repórter, fui editor-chefe e apresentador do Jornal do Almoço durante dois anos em Joinville. Em 2010, decidi que era hora de um novo desafio.

A ida para São Paulo rendeu-me um contrato provisório na Globo SP e depois Globo Recife. Na volta a São Paulo em 2011, fui para BAND onde fiquei três anos até ser contratado para integrar o time do SBT Brasil, telejornal de rede do SBT. Em 2015 decidi realizar um sonho antigo, de morar e estudar fora.”

Foi assim, que em Portugal, Izidoro, além de iniciar o mestrado em Relações Internacionais, aceitou o desafio de virar correspondente internacional da RedeTV, onde está atualmente.

Na visão do jornalista, o OCP nunca parou no tempo. “Através dele, a sociedade jaraguaense testemunhou os principais fatos da região. E as transformações vieram com o tempo. Seja na parte gráfica, na interação com os leitores, no dinamismo e numa linguagem atual. Um jornal centenário que consegue ser atual, sem perder sua identidade, mostra a credibilidade que ostenta”, afirma.

Izidoro acredita que a relação que o jornal mantém com a comunidade é intrínseca. “O desenvolvimento de Jaraguá do Sul passa pelo OCP e vice-versa. O jornal testemunhou esse crescimento e foi um alicerce de informação para as gerações que ajudaram a construir uma sociedade sólida e heterogênea. E, da linotipia a tecnologia, OCP mostra que o tempo tem sido um aliado tanto para quem tem o privilégio de estar vestindo a camisa do jornal como para o leitor”, reflete.

Para ele, o OCP é como um amigo de infância. “É aquele amigo que gente nunca esquece e que marca para sempre sua vida”, declara.

Nos tempos da máquina de escrever

O jornalista Celso Machado ingressou no OCP, na metade dos 1990, quando a sede fi cava em um prédio na Avenida Marechal Deodoro, no calçadão. Na época, os recursos eram limitados a telefone fi xo e rádio. Sem internet, a máquina de escrever era o objeto de trabalho dos jornalistas. O jornal era semanal com informações atualizadas, circulando às sextas-feiras.

“Um tormento para quem vinha de experiências anteriores em jornais de maior porte como, por exemplo A Nação (Diários Associados) e Jornal de Santa Catarina, ambos de Blumenau. Mas uma convivência impagável ao lado de gente que engatinhava no jornalismo e com quem também aprendi muito. Três anos depois voltei para o JSC e, de lá, para o A Notícia, de Joinville”, recorda Machado.

O ano de 2006 marcou a segunda passagem de Machado pelo OCP, já localizado na Rua Procópio Gomes de Oliveira, antiga residência de Eugênio Victor Schmökel, demolida recentemente e onde hoje funciona um restaurante.

“Já informatizado, a vida de repórteres, fotógrafos, paginadores tornou-se menos difícil. Porém, o desafio era bem maior, agora com jornal de circulação diária e bastante atualizado, exigindo esforço pessoal e coletivo a cada edição que ia para as ruas”, lembra o veterano jornalista.

Machado também acompanhou a transição do jornal da família Schmökel para o atual proprietário Walter Janssen Neto, em 2007. Para Machado, todo e qualquer jornal é uma escola e não só para os calouros vindos das universidades.

“Mas também para os veteranos que aprendem também. A relação de cumplicidade em uma redação de jornal é fundamental para que se tenha qualidade na informação. A competição, necessária e indispensável, se dá entre os veículos de comunicação e não entre colegas que dividem mesas e computadores. E não importa quem sabe mais ou quem sabe menos sobre os assuntos em pauta”, reforça Machado.

“Como um todo – e não só naquilo que é escrito e impresso a cada edição – os jornais precisam de credibilidade – os jornalistas também. Jornais são documentos, fontes de pesquisas para as gerações atuais e futuras. A credibilidade é o que mantém os jornais de pé”, conclui.

Por: Daiana Constantino