100 anos de história

Por: Daiana Constantino
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Orgulhoso de seu passado, atento ao presente e orientado para o futuro, O Correio do Povo chega aos 100 anos. O mais antigo em circulação do estado de Santa Catarina é de Jaraguá do Sul. O Correio do Povo, que integra a atual Rede OCP de Comunicação, nascia em 10 de maio de 1919, impresso em linotipo, numa Jaraguá ainda distrito de Joinville, e em momento efervescente da história global.

A Primeira Guerra Mundial havia recém terminado e o sentimento geral de euforia, descontinuidade e modernidade, associado ao desenvolvimento econômico, cultural e tecnológico que despontava pela Europa e Estados Unidos, moldavam a década de 20, que ficou conhecida como “anos loucos”. Esta mesma década se encerrava com a Grande Depressão de 1929, provocada pelo ‘crash’ da bolsa de valores de Nova Iorque, impactando o mundo inteiro.

No Brasil, das ‘oligarquias cafeeiras’, do ‘tenentismo’ e do movimento ‘Semana de Arte Moderna’, imperava a chamada República Velha (1889 – 1930). Como qualquer jornal da época, o OCP, fundado pelos sócios Arthur Müller e Venâncio da Silva Porto, também sofreu as agruras do Decreto 85, de 23 de dezembro de 1889, que reprimia a liberdade de expressão social e, em particular, a liberdade de imprensa, essa, por sua vez, cerceada completamente por ocasião do golpe de estado de 1937.

O OCP sentiu na carne a ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas que censurava, por conta de sua Campanha de Nacionalização, entre 1937 e 1945, a fala de línguas estrangeiras em público, notadamente, relativas aos países do Eixo: Alemanha, Itália e Japão. As páginas em idioma alemão, que vinham sendo publicadas desde a fundação do jornal, cessaram, dramaticamente, entre junho de 1938 e julho de 1952.

Embora tenha experimentado as tirânicas mordaças, o OCP resistiu determinado a servir e registrar o desenvolvimento de sua comunidade. Espera-se, doravante, que instituições importantes como Imprensa Livre e Democracia, sigam protagonizando o processo de renovação e evolução deste país. Superando as turbulências da história, o OCP segue pautando, testemunhando e registrando o cotidiano regional, das cidades catarinenses onde atua, cônscio de que o presente e o futuro impõem novos desafios preponderantes para continuidade e sucesso de suas tarefas de informar, conectar e entreter.

 

A coerência da narrativa e relevância do conteúdo já se tornaram prerrogativas elementares. Os atuais consumidores de informação, numa época de massificação de conteúdo, anseiam por algo diferenciado e exclusivo. Então, ancorado nessa premissa, o leitor atento e crítico sempre buscará uma fonte acessível, dinâmica, atualizada e confiável.

A estratégia já adotada pelo OCP é perseguir e dominar a nova dinâmica da comunicação multiplataforma, num panorama de convergência midiática, atendendo por meio de multicanais, as demandas dos “pluriperfis” de consumidores de conteúdo. Tudo isso sustentada em marca reconhecida, confiável e respeitada, ancorada na lógica de que a audiência assinada é sua razão de ser.

Ampliando e projetando essa postura, significa dizer que o novo jornalismo continuará sim, com sua missão de informar com credibilidade, responsabilidade e liberdade, porém, transcendendo a prática de fornecer notícias, e incorporando, sob perspectiva transformadora, o propósito de ser agente formador de opinião e promotor de meios legítimos para uma sociedade mais evoluída.

Com muita honra, o time da Rede OCP de Comunicação brinda seu centenário, enaltecendo seus fundadores, administradores, parceiros e leitores, reafirmando sua missão de “informar e conectar a comunidade com os fatos que impactam sua vida”, perseguindo sua visão de “ser a fonte líder de notícias e informações da região” e fortalecendo seu ‘core business’ de fornecer “informações em multiplataforma para consumidores de conteúdo, e audiência para anunciantes”.

Surgimento do OCP evidencia o município

Quando surge o OCP em 1919, o jornal impresso coloca Jaraguá em evidência em Santa Catarina. “O jornal veio inserir o município num contexto estadual, embora em termos econômicos já tinha algum respaldo como primeiro distrito de Joinville”, explica a historiadora Silvia Kita. O impresso também criou um senso de realidade para a população regional.

“O jornal veio trazer essa sensação de que isso era real. Era motivo de roda de conversa ‘Você viu o que saiu no jornal?’ E isso muitas pessoas comentam, em entrevistas mais antigas, que esperavam o jornal chegar para saber o que tinha acontecido, principalmente para saber quem tinha nascido, aniversariado, casado ou morrido. Eram informações importantes naquela época”, conta a historiadora.

Além disso, era fonte de conhecimento. “O jornal veio trazer conhecimento, com notícias sobre medicamentos, vacinas, outros cuidados. Veio como um prestador de serviço muito importante, como um informativo das coisas relevantes que as pessoas precisavam saber”, enfatiza Silvia.

O jornal serviu e serve como fonte de pesquisa. “Eu já li muito o O Correio do Povo e para diversas situações e pesquisas vinculadas à saúde, economia, política, entre outros.” Há 100 anos, o O Correio do Povo começou a contar a história de Jaraguá e região e fazer parte da vida da população local.

Ele atravessou os diversos desafi os de épocas distintas e chega em 2019 para também registrar esta história, inspirado a fazer o bem e informar com qualidade a comunidade.

Por: Daiana Constantino